6 motivos para repensar o uso de antibióticos

16/08/2021

A automedicação e o uso de medicamentos sem orientação médica adequada podem trazer importantes complicações para a saúde do paciente. Esses riscos são ainda maiores em se tratando de antibióticos, já que o uso inadequado pode causar efeitos colaterais graves e contribuir com o aumento das superbactérias.

Se você possui o costume de comprar antibióticos sem receita – mesmo que esta prática seja considerada ilegal – ou pedir prescrição médica para a compra de antibióticos, é hora de repensar seus hábitos. Por mais que pareçam inofensivos, esses medicamentos podem representar um perigo à sua saúde e à saúde mundial.

Afinal, o que são antibióticos?

Os antibióticos são medicamentos desenvolvidos com o objetivo de tratar e combater infecções causadas por bactérias. Eles atuam inibindo o crescimento e a multiplicação ou causando a morte desses microrganismos.

Embora sejam muito úteis para esta finalidade, os antibióticos não possuem eficácia para combater doenças e complicações causadas por vírus, fungos ou outros microrganismos. Ou seja, se você está com gripe, resfriado ou outras doenças que não sejam causadas por bactérias, os antibióticos não devem ser ingeridos.

A prescrição desnecessária de antibióticos por médicos

Um estudo divulgado em 2018 pela BMJ revelou dados preocupantes sobre a prescrição indiscriminada de antibióticos por parte dos médicos. De acordo com dados do levantamento, 23,2% das prescrições eram inapropriadas e 35,5% possivelmente inapropriadas; outros 28,5% não estavam associadas a nenhum diagnóstico.

Ainda de acordo com o estudo, 70,7% das prescrições inapropriadas para pacientes que não estão internados são provenientes dos consultórios médicos. Já as instituições de saúde também respondem por 11% das prescrições desnecessárias, que eram feitas após os pacientes passarem por serviços de emergência. As três condições mais associadas a prescrições inadequadas são bronquite, infecção do trato respiratório superior e sintomas respiratórios, como tosse.

É preciso lembrar que a prescrição de antibióticos deve levar em consideração uma série de fatores que precisam ser analisados pelos profissionais médicos, como:

  • a natureza e a seriedade da infecção;

  • a real eficácia do antibiótico para tratar a condição do paciente;

  • o estado do sistema imunológico do paciente;

  • os eventuais efeitos colaterais do medicamento;

  • a possibilidade de alergias ou outras reações sérias ao medicamento.

Por que repensar o uso de antibióticos?

Assim como qualquer medicamento, os antibióticos também podem causar efeitos colaterais indesejados. Os riscos são ainda maiores em pacientes que realizam o uso desses medicamentos sem acompanhamento médico responsável. Saiba quais riscos você pode correr!

Distúrbios gástricos

O uso de antibióticos causa distúrbios e desequilíbrios no microbioma intestinal, uma vez que o medicamento elimina qualquer tipo de bactéria, inclusive as benéficas ao organismo. Como consequência ocorre a alteração de qualidade e quantidade de bactérias(disbiose intestinal) gerando vários sintomas sistêmicos.

Alergia

Muitas pessoas podem não imaginar, mas os antibióticos também provocam reações alérgicas. Nas primeiras manifestações, os sintomas mais comuns são coceira, vermelhidão e inchaço. Já na segunda manifestação ou até mesmo em uma primeira reação alérgica mais grave, a alergia pode resultar em causar febre, convulsão e, em casos extremos, até a morte.

Queda na imunidade

O intestino é um importante aliado do sistema imunológico. Como os antibióticos afetam a flora intestinal e acabam matando muitas bactérias benéficas e células importantes para a defesa do organismo, consequentemente, estes medicamentos acabam por provocar uma queda na imunidade.

Infecções vaginais

O uso prolongado de antibióticos também pode gerar desequilíbrio na flora vaginal e resultar no aparecimento de infecções. Quando saudável, a vagina possui diversas bactérias que atuam como uma barreira contra agentes invasores. O desequilíbrio causado pelos antibióticos pode provocar a morte dessas bactérias, o que explica os maiores riscos às infecções vaginais.

Comprometimento de órgãos

Em alguns casos, os riscos dos antibióticos são ainda mais graves, podendo alterar e comprometer o funcionamento dos rins, do fígado, da medula óssea e de outros órgãos.

O perigo das superbactérias

Além de trazer riscos à sua saúde, o uso indiscriminado de antibióticos também pode contribuir para o surgimento das superbactérias, ou seja, bactérias que se tornam resistentes à ação de um determinado antibiótico.

Se o paciente suspende o uso antes do tempo recomendado, por exemplo, as bactérias mais fortes começam a se multiplicar e a nova geração de bactérias descendentes tornam-se mais resistentes. Com isso, há o risco de que o antibiótico perca sua eficácia para tratar uma infecção específica.

A resistência aos antibióticos e a criação de superbactérias já é considerado um problema de saúde em escala global pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Portanto, é preciso que haja mudanças na maneira de prescrever e recorrer aos antibióticos.

Como tomar corretamente?

O uso adequado e somente quando necessário contribui para preservar sua saúde, ajuda a evitar riscos e efeitos colaterais, além de evitar o surgimento de bactérias mais resistentes. Por isso, é preciso que haja uma maior consciência por parte da classe médica e dos próprios cidadãos no uso dos antibióticos.

Veja o que você pode fazer:

  • não peça prescrição médica de antibióticos para tratar infecções virais;

  • nunca use antibióticos sem indicação médica;

  • use a dose prescrita e respeite os horários determinados;

  • não interrompa o tratamento antes do prazo indicado;

  • evite usar sobras de antibióticos armazenados por muito tempo;

  • nunca use antibióticos fora do prazo de validade.

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Publicado por: Dra. Christiane Fujii - CRM/SC 8813 RQE 5292 e 8074
Formada em Medicina pela Universidade Regional de Blumenau FURB, fez especializações em Homeopatia, Acupuntura, e pós-graduações em Ciências da Fisiologia Humana pelo Grupo Longevidade Saudável e Prática Ortomolecular
Doctoralia    

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